Monday 17 December 2007

Lagarada, como foi!

Aqui fica um relato da Lagarada, feito com gosto e afinco.
Obrigada, Sr. Geraldes!

Treze horas e trinta minutos. Alguém chama tudo aos seus lugares, vai dar-se início ao almoço.Aí vem a lagarada!

Umas couves com batatas tudo bem amassado, regadas com azeite novo, fervido com alho, e após mistura-se o bacalhau. As couves, essas, bem macias pois já estão um pouco cozidas pelas geadas. Está tudo a calhar a jeito. Bem temperadas escorregavam que era uma maravilha. Inconfundível....

O bom vinho da região fazia ainda com que melhor escorregassem.

A seguir uma feijoada: sem comentários! Toda aquela gente comia cá com uma pedalada!... O garrafão, esse, a jeito por debaixo da mesa ia perdendo o peso enquanto que os rostos envermelheciam... Já se iam ouvindo algumas vozes mais fortes, e o estado de fraqueza estava a passar.

Seguem-se as sobremesas, das quais se destacou o arroz-doce, feito com o leite da cabrinha que não fora desnatado. Estava um espectáculo (sem igual)!

Tudo isto preparado por pessoas do povo: a D.Narcisa, a D.Luísa, a D.Rosa Dias, a D.Amélia, a D.Ana, entre outras. Serviram estes pratos com muita alegria, vontade e esmero! Segue-se o café acompanhado do digestivo caseiro da zona (espectáculo)!

Compasso de espera para o jantar. Música mais música! Conversa e mais conversa! O tempo passa rápido.

São horas do jantar. Alguém chama.

Foi todo o mundo direitinho ao assunto. Seguiram-se carnes bem temperadas tendo sido também bem regadas. Estava tudo muito animado.

Já satisfeitos compadres e comadres começam os discursos: feitos e não feitos estavam todos de acordo e notei que quando o Sr.representante da Câmara Municipal discursava, alguém do sexo feminino, ao seu lado mas um pouco atrás, gesticulava com a cabeça e simpaticamente anuia a tudo quanto era dito; eu pensei: estou vendo bem!!! Sim. Eu estou noutro mundo bem se vê. Inacreditável. Acabam os discursos. Segue-se mais café e começa o baile, música mais música: aparece quem cante uns fados homens, mulheres, e, o senhor José Raínha, homem já com certa idade, acompanha a música com a sua matraca, e assim se continua pela noite dentro.

O esforço desta gente que se presta e preza fazer tudo isto é acompanhado de uma vontade muito forte. Reconheço e aqui deixo os meus louvores. Que Deus dê saúde e anos de vida a todas aquelas pessoas que trabalham para tão nobre causa.

Até p´ro ano.

Wednesday 28 November 2007

É a Lagarada! Está quase aí!

Não se esqueçam, a Lagarada é já no próximo sábado!

Vai incluir almoço, e se ainda sobrar qualquer coisita (sobra sempre!! ;)), ainda chega para o jantar!!

Relembro os detalhes:
Data: Sábado, dia 1 de Dezembro
Hora: Por volta das 12h30 podem começar a chegar
Preço: 10€

Não percam a oportunidade de reviver uma tradição já meio esquecida, mas que se faz relembrar em pequenos detalhes desta festa.
É que antigamente era tradição, a seguir à "apanha da azeitona", juntarem-se os trabalhadores para comer a Lagarada. E no final do repasto, mandava a tradição que se oferecesse um ramo de flores ao proprietário do olival.

Os tempos são outros, e felizmente hoje já são muitos os trabalhadores que podem trabalhar o seu próprio olival. Por isso, e porque os proprietários já são muitos :), no ano passado, para reavivar a tradição, ofereceu-se simbolicamente o ramo de flores ao presidente da junta.
E este ano como será? Hummm? Há que estar lá para ver!! :)

Não se esqueçam, apareçam! Com vontade de comer e de bailar!!

Boa Lagarada!!

Tuesday 30 October 2007

É época de azeitonas!! Venha a Lagarada!!

Vem aí a época da "apanha da azeitona"!

Costuma ser nesta altura, de inícios de Novembro, e geralmente caracteriza-se por ser uma época de muito frio, tornando a tarefa ainda mais árdua do que já é!

Mas este ano o tempo parece ajudar, já que o Verão teima em não querer ir embora! :) Não sei é se isso é bom para as azeitonas.... Mas não se pode ter tudo, né?? :))

E depois da "apanha", segue-se a já habitual Lagarada!! A almoçarada, seguida de jantarada, organizada pelas mulheres das Martianas, e que nos permite saborear uma fantastica Feijoada e uma maravilhosa Lagarada, uma espécia de "meia desfeita", em que se desfaz o bacalhau, se misturam as batatas e as couves e se rega tudo com o delicioso azeite acabadinho de sair do Lagar!... Mmmmmmmm.......

Já experimentei, e recomendo vivamente!!

Este ano terá lugar no dia 1 de Dezembro, e custará a cada comensal a módica quantia de 10€, preço bastante atractivo, tendo em conta que inclui almoço, jantar, e ainda o belo do bailarico, bem ao jeito dos Martianenses!!

Inscrevam-se já, não vão acabar as reservas! ;)

Thursday 6 September 2007

A vindimar, vindimamos... :)

Está a chegar às Martianas a altura das vindimas!

Época trabalhosa, em que se reunem muitos vindimeiros e familia para iniciar esta tarefa cansativa, mas já corriqueira para quem está habituado a estas lides.

Embora seja uma leiga na coisa, sei que até chegar ao produto final, que é o vinho, há muito trabalho pelo meio!

Primeiro, colher as uvas, claro está! Depois escolhê-las, separando-as por qualidades. Em seguida colocam-se num recipiente grande e esmagam-se! Depois deixa-se a fermentar durante algumas semanas, quando é então tirado o vinho! No entanto, antes que fermentem, é aproveitada a uva acabada de esmagar para fazer a tradicional Gerupiga, que tão boa é, e que tão bem acompanha com os farta-brutos, os tradicionais bolos feitos na altura da Páscoa!

Aqui fica um fotografia do mosto, aquela pasta estranha que são as uvas depois de esmagadas! :)


Boa vindima, senhores!! :)

Monday 23 July 2007

Histórias de outros tempos...


Contam os antigos (e alguns não tão antigos assim...) que em tempos idos, nas semanas que antecediam a Páscoa, algumas mulheres da aldeia vestiam-se de escuro e tapavam as cabeças para não serem reconhecidas.
Diz-se que iam à meia-noite para pontos altos da aldeia, onde a voz melhor se sentia, e com timbres disfarçados, cantavam cantigas que ecoavam pela noite dentro e se perdiam nas ruas e vielas da aldeia, vagueavam pelos montes e vales à volta, encantando uns e estremecendo outros...

Cantos e contos de outros tempos, de uma aldeia cheia de tradições, umas perdidas nos tempos, outras nem tanto...

Thursday 21 June 2007

4ª Almoço organizado pelas Martianenses - Parte II

A pedido de várias pessoas, aqui ficam algumas fotos do evento!

Destaca-se a boa disposição à volta da boa comida, como nao podia deixar de ser,
seguida de belas sobremesas, como o tipico e delicioso arroz-doce, enfeitado especialmente para a ocasião!


A festa ainda deu direito a bailarico e tudo, ou não fossem os Martianenses amigos de um bom pézito de dança!

Venham mais!! :)

Saturday 16 June 2007

4º Almoço organizado pelas Martianenses!

Foi no passado sábado, dia 9/Junho, que se realizou mais um almoço realizado por algumas mulheres das Martianas!

O almoço, como sempre, correu muito bem, almoçámos uma bela chanfana, seguida de uma caldeirada, e ainda houve espaço para a sobremesa, o tradicional arroz-doce, que já é quase tradição nestes eventos! :)

Depois foi a vez de ouvir um pouco o tipico acordeão, desta vez com um musico diferente do habitual.

O almoço ainda deu para o serão, que mais uma vez foi animado pelas presenças dos quase 100 martianenses bem dispostos que fizeram companhia ao almoço!

Como o musico nao podia ficar para o serão, lá tiveram os martianenses que animar a festa. Então lá vieram uns fadinhos, cantados por boas vozes da terra, e até fado de coimbra tivémos, com um ligeiro sotaque britânico! :)

Chegou depois a hora de ir dormir, que a noite já ia longa!

Neste 4º almoço organizado pelas mulheres das Martianas, ressaltou mais uma vez o convivio e a boa disposição entre as pessoas desta aldeia, sempre acompanhados de boa comida, ou não fosse esta uma típica aldeia portuguesa!!! :):)

Thursday 14 June 2007

Mudámos de sitio!

Mudámo-nos de armas e bagagens!

Pois é, estou adepta do Blogspot, muito mais prático de gerir que o Sapo, e por isso aqui estamos para mais uma nova temporada de noticias sobre a nossa aldeia preferida de Portugal! :)

Obrigada, senhor Sapo, por nos alojar durante algum tempo. Mas agora é tempo de mudar.

Vêm aí mais novidades!

Aguardem!

Sem novidades!

(Data original: 19/Janeiro/2007)

Pois é, pois é... Já muitas pessoas me têm pedido para actualizar o blog desta fantastica aldeia! Mas a falta de tempo é muita!! Tenho muitas novidades para publicar! Claro, num ano e meio acontece muita coisa!! Desde eventos que tiveram lugar nas martianas, a fotografias p divulgar neste espaço, muitas coisas estão aqui no baú!! Logo logo as publico! Mas agora nao tenho tempo!!! :((((( Por isso lanço o desafio!! A todos os martianenses, descendentes e simpatizantes!! Caso queiram publicar artigos, fotografias, poemas, dissertações, historias dos vossos avós, cantinhos martianenses que vos suscitem aquela nostalgia de tempos passados, enfim, o que queiram, nao hesitem!! Enviem para p email associado a este blog (nyrian@sapo.pt) que eu me encarrego de publicar! Entretanto, continuem a visitar o blog! Prometo novidades em breve!! ;)

Festa das Mulheres

(Data original: 14/Junho/2005)

Pois é! Foi neste fim de semana!

Uma festa organizada pelas mulheres das Martianas, não todas, mas um excelente grupo representante das mesmas, que organizou aquilo que se pode considerar praticamente um fim de semana em festa!! :))

Do programa constou um jantar no passado sábado, dia 11/Junho, onde se contaram cerca de 53 presenças, incluindo um acordeonista (!). As energias deram ainda para uma almoçarada no Domingo, praticamente com o mesmo nº de pessoas, e as sobras ainda deram para a jantarada, onde já se contaram algumas desistências, porventura por falta de capacidade estomacal para tanta comida!!! :))

A festa decorreu sem problemas, e foi gratificante para as organizadoras verificar que muitos ajudaram, mesmo não fazendo parte da 'organização', e que o povo Martianense quando quer sabe mostrar um excelente espirito de entreajuda!!!

Parabéns às organizadoras!!!

A queima do madeiro

(Data original: 22/Dezembro/2004)

É comum as pequenas aldeias possuirem tradições nesta época, e as Martianas não são excepção.

Uma das tradições desta época é a queima do madeiro. Manda a tradição que os jovens mancebos solteiros se juntem e 'roubem' uma árvore, de preferência já velha e sem utilidade, para não dar prejuizo ao proprietário. Essa árvore deve ter bastante madeira, já que a queima é para durar. É então levada para o átrio onde está a capela e a casa do povo, e ali no meio se faz um grande monte de lenha, que se põe a arder na véspera de Natal. O objectivo é que o madeiro (assim se chama) arda durante toda a semana que separa o Natal do Ano Novo, sem que se apague.

Durante este tempo juntam-se as familias e os amigos, e lá vão espreitar o madeiro, aquecer-se nas brasas que deita, e até assar um chouricito, que sabe sempre tão bem!!

Já é oficial!

(Data original: 24/Novembro/2004)

Finalmente, já temos o link no site http://www.arqueobeira.net/index.htm!

Se entrarem nestes proximos dias, está logo na homepage!! :))

Toca a visitar!!

Divulgações - Resultados!!

(Data original: 4/Novembro/2004)

Pois é!.. :))

Aceitaram a inscrição deste blog, que deverá estar disponivel no decorrer da proxima semana! Relembro o link:
http://www.arqueobeira.net/index.htm.

E porque a divulgação nunca é demais :), o blog foi também adicionado à página pessoal de um miúdo muita giro, que tem uma página muito fixe. :)) Ora consultem lá! http://prankish.home.sapo.pt/.

Boas navegações!!!

Divulgação

(Data original: 22/Outubro/2004)

Pois é!! Encontrei um site que aceita 'registo' de sites e blogs relacionados com a Beira Baixa!!

Claro que fiz logo o submit do pedido pra ver se acrescento o blog das Martianas à lista!!! Só espero que aceitem... :))

Mora em http://www.arqueobeira.net/index.htm.

Consultem, consultem...

Frutas - A natureza martianense

(Data original: 16/Setembro/2004)

Existem nas Martianas diversas espécies de frutas, algumas selvagens, outras cultivadas. Podemos lá encontrar amoras, figos, maçãs, pêssegos, etc...

O melhor é que completam com toda a perfeição um passeio pelos campos!!
Senão, vejam:

fechem os olhos e imaginem que caminham por estradas antigas, de terra batida, ladeadas de arbustos e árvores, com casas como que plantadas aqui e ali, até onde a vista alcança. Imaginem que está um dia de sol, mas não abrasivo, que enche a paisagem de cor dourada, realça o verde das árvores e dos campos, e o azul do céu. Agora imaginem que o ar é limpido, fresco, impregnado de diferentes aromas suaves que nos chegam trazidos pelos ventos, ora de rosmaninho, ora de resina, ora de eucaliptos.... Para completar, imaginem que ao longo do passeio, passam por arbustos carregados de amoras,
figueiras com figos de várias qualidades,

maçãs,

pêssegos, uvas, etc....

E que vão colhendo, daqui e dali, uma e outra fruta, que vão comendo mesmo sem passar por água, porque os quimicos não chegam ali.....

Mmmmm....

Imaginaram??

Então já sabem o que é um passeio pelos campos que rodeiam as Martianas...

Um poema martianense.....

(Data original: 8/Setembro/2004)

A minha terra não tem torres...
Mas tem valores.
A minha terra não tem monumentos...
Mas tem talentos!

Autora: Matilde, uma das maiores apreciadoras dos valores martianenses!

(É a minha mamã!!... :):))

Um fim de semana nas Martianas

(Data original: 6/Setembro/2004)

Foi muito giro, mas cheio de peripécias!!!

Bem, começámos por arrancar de Lisboa na sexta à noite, mas ainda fizemos uma paragem num café da capital, para um snack antes da viagem.... Pois, quando cheguei ao carro, tinham-me batido!!!!! E fugido!!!!! Enfim..... Lá fiquei sem um farol da frente e com o capot um bocadito levantado!!!!!!

Mas isso não nos impediu de seguir viagem!!!! (Até porque só reparamos no capot levantado no dia seguinte... :S:S)

Seguimos rumo a Castelo Branco, com a paragem habitual num dos melhores bares do pais, o Património.

É uma antiga casa senhorial, com umas 5 ou 6 divisões, cada uma com a sua característica decorativa. É muito giro. Recomendo vivamente as tostas, que são muito boas!!!

Depois, decidimos ir até a República, a melhor discoteca da cidade (apesar de se situar fora dela... :):)), mas... estava fechado!!!! Como aquilo é escuro como tudo, e não me agradou estar ali naquele deserto, acho q fiz a inversão de marcha mais rápida da minha vida!!!! :):)

Bem, lá decidimos seguir para as Martianas. Ao chegar já perto, eis o que se nos depara pela frente (eram 3.00 AM... :)) um borrego!!!! Tadinho, tava ali perdido..... Lá o apanhámos e levámos para casa. Demos-lhe leite p beber, mas ele nao achou muita graça.....

No dia seguinte, levámo-lo a casa de umas pessoas de lá que têm um quintal grande, e lá nos disseram que o borrego já não andava a leite..... Percebemos mesmo disso........ :) Claro que pelo caminho (refira-se que são apenas 200 metros....), o raio do borrego não é que me deixou o porta-bagagens cheio de bostinhas???........ Que stress!!!!!!!!!!!!

Lá tivémos de limpar, o que não foi nada agradável....... :S:S

Bem, e o resto do fim de semana lá decorreu sem contratempos, de maior. Andámos a passear por lá, a comer frutinha arrancada da árvore no momento, a respirar aquele ar puro fantástico, a perder a vista naquelas paisagens verdes e únicas, enfim, a curtir o campo..... Porque no fundo é nisso que consiste a maravilha de ir às Martianas, é o poder estar em contacto directo com a Natureza, e dela extrair mais um pouco de energia, para podermos sobreviver nestes ambientes fechados e pouco saudáveis da cidade!!!

E foi o nosso fim de semana! :):):))

Vinhos II - História na Beira Interior

(Data original: 16/Agosto/2004)

É durante a ocupação romana que se começa a produzir vinho, mas foi no limiar do século XII, pelas mãos dos Monges de Cister, que este teve um grande desenvolvimento.

Devido à sua posição geográfica relativamente ao mar e às direcções montanhosas central e nordeste, o clima é mediterrânico continental, beneficiando da agressividade invernosa dada pela proximidade da Serra da Estrela. Os verões são muito quentes e secos. As extremas condições climatéricas são bem suportadas pelas castas recomendadas, produzindo uvas aromatizadas donde resultam vinhos elegantes e macios, consequência de uma criteriosa selecção de castas e de uma vinificação tradicional.

Na sua área de produção estão reconhecidas as seguintes sub-regiões: Castelo Rodrigo, Cova da Beira e Pinhel.

Na Beira Baixa, alguns dos vinhos mais acreditados são: O Lometo, Quinta do Cardo, D'Aguiar, Cruz de Almeida, Cova da Beira, Cova Juliana e Altitude.


Vinhos I - Lenda

(Data original: 16/Agosto/2004)

Uma lenda grega atribui a descoberta da videira a um pastor, Estáfilo, que, ao procurar uma cabra perdida, a foi encontrar comendo parras.

Colhendo os frutos dessa planta, até então desconhecida, levou-os ao seu patrão, Oinos, que deles extraiu um sumo cujo sabor melhorou com o tempo.

Por isso, em grego, a videira designa-se por staphyle, e o vinho por oinos.

A mitologia romana atribui a Saturno a introdução das primeiras videiras; na Península Ibérica, ela era imputada a Hercules.

Na Pérsia, a origem do vinho era também lendária: conta-se que um dia, quando o rei Djemchid se encontRava refastelado à sombra da sua tenda, observando o treino dos seus archeiros, foi o seu olhar atraído por uma cena que se desenrolava próximo: uma grande ave contorcia-se envolvida por uma enorme serpente, que lentamente a sufocava.

O rei deu imediatamente ordem a um archeiro para que atirasse.

Um tiro certeiro fez penetrar a flecha na cabeça da serpente, sem que a ave fosse atingida. Esta, liberta, voou até aos pés do soberano, e aí deixou cair umas sementes, que este mandou semear.Delas nasceu uma viçosa planta que deu frutos em abundância. O rei bebia frequentemente o sumo desses frutos.

Um dia, porém, achou-o amargo e mandou pô-lo de parte; alguns meses mais tarde, uma bela escrava, favorita do rei, encontrando-se possuída de fortes dores de cabeça, desejou morrer. Tendo descoberto o sumo posto de parte, e supondo-o venenoso, bebeu dele.Dormiu ( o que não conseguia havia muitas noites ) e acordou curada e feliz. A nova chegou aos ouvidos do rei, que promoveu o vinho à categoria de bebida do seu povo, baptizando-o Darou-é-Shah («o remédio do rei»).

Quando Cambises, descendente de Djemchid, fundou Persépolis, os viticultores plantaram vinhas em redor da cidade, as quais deram origem ao célebre vinho de Shiraz. A vinha era objecto de enormes cuidados, e o mosto fermentava em grandes recipientes de 160 litros, os guarabares.

Foi este vinho que ajudou a dar coragem aos soldados de Cambises na conquista do fabuloso Egipto!

Gastronomia II - Queijos

(Data original: 16/Agosto/2004)

Tipicamente, beirões, os queijos de cabra ou de ovelha são umas das delicias da Beira Baixa.... Acompanhados de um belo vinho tinto, constituem um magnífico repasto! :)))


Os queijos da zona dividem-se em três tipos:
- o Queijo de Castelo Branco

- o Queijo amarelo da Beira Baixa

- e o Queijo picante da Beira Baixa


Seguem-se algumas breves descrições dos diferentes tipos de queijos:
- Queijo de Castelo Branco:

“É um queijo curado, de pasta semifina ou semimole, ligeiramente amarelado, com alguns olhos pequenos e obtido por esgotamento lento da coalhada, após coagulação do leite cru de ovelha, estreme, por acção de uma infusão de cardo (Cynara cardunculus, L.)”.A área geográfica de produção abrange algumas freguesias dos concelhos de Castelo Branco, Fundão e Idanha-a-Nova.
- Queijo Amarelo da Beira Baixa:

“É um queijo curado, de pasta semifina ou semimole, ligeiramente amarelado, com alguns olhos irregulares e obtido por esgotamento lento da coalhada, após coagulação do leite cru de ovelha, estreme, ou mistura de leite de ovelha e cabra, por acção do coalho animal”.
- Queijo Picante da Beira Baixa:

“É um queijo curado, de pasta dura ou semidura, branco sujo a acinzentado, sem olhos ou com pequenos olhos irregulares e obtido por esgotamento lento da coalhada, após coagulação do leite cru de ovelha ou de cabra, estreme ou em mistura, por acção do coalho animal”.


E até tem direito a certificação e tudo!! :))



Como se atesta em seguida:
"A área geográfica de produção dos Queijos Amarelo da Beira Baixa e Picante da Beira Baixa abrange os concelhos de Castelo Branco, Fundão,Belmonte, Penamacor, Idanha-a-Nova, Vila Velha de Rodão, Proença-a-Nova, Vila de Rei, Sertã e Oleiros e algumas freguesias do concelho da Covilhã.O uso da Denominação de Origem obriga a que os queijos sejam produzidos de acordo com as regras estipuladas no caderno de especificações, o qual inclui, designadamente, as condições de produção de leite, higiene da ordenha, conservação do leite e fabrico do produto. A rotulagem deve cumprir os requisitos da legislação em vigor, mencionando também a Denominação de Origem. Os Queijos da Beira Baixa devem ostentar a marca de certificação aposta pela respectiva entidade certificadora.

Comercialmente podem apresentar-se:
- o Queijo de Castelo Branco com um peso compreendido entre 800 g a 1.300g,
- o Queijo Picante da Beira Baixa com um peso compreendido entre 400 g a 1.000g,
- o Queijo Amarelo da Beira Baixa com um peso compreendido entre 600 g a 1.000g.

Os Queijos da Beira Baixa mantém a forma tradicional de fabrico e revelam características atribuíveis ao leite e, portanto, à forma tradicional de maneio das ovelhas."

Pessoalmente, confesso que gosto de ir lá ao cantinho de uma das senhoras que fabrica e vende os queijos, prová-los por lá, daquela forma peculiar, que consiste em tirar um pequeno triângulo de queijo, de cuja ponta interior se tira um bocadinho para dar ao provar ao cliente, e se volta a colocar, disfarçando o 'estrago' como se nada se tivesse tirado. Não sei se o queijo é certificado, se respeita todos os critérios necessários para ser considerado um queijo de qualidade... Mas que é delicioso, isso é!! :))

(Citações retiradas de
http://www.idrha.min-agricultura.pt/produtos_tradicionais/queijos/beira_baixa.htm)

Gastronomia I - Esquecidos

(Data original: 16/Agosto/2004)

Encontrei um site que divulga as comidinhas regionais de Portugal, e lá está também a Beira Baixa. Vão a http://www.receitasemenus.net/beira_baixa.html.

Devo dizer que não conheço quase nenhuma das comidinhas que lá vêm.... A não ser os doces :)) (Não que seja gulosa!! :)))

Mas assim de comidinhas que consideraria típicas especificamente das Martianas, estão seguramente no topo da lista os "Esquecidos". :)) São bolos feitos tradicionalmente na altura da Páscoa, em grandes quantidades, e que pela forma como são feitos, se conservam durante bastante tempo, tanto que algumas pessoas os colocam em arcas e os servem durante os meses seguintes acompanhados com uma bela Gerupiga caseira deliciosa!... :)))

Cá vai a receita, que encontrei em outro site (http://www.portugal.gastronomias.com/beira_baixa051.html):

Esquecidos

Ingredientes:
250 g de açúcar ; 250 g de farinha ; 4 ovos

Confecção:
Durante meia hora batem-se os ovos com o açúcar. Em seguida junta-se a farinha sem bater. Deita-se a massa em colheradas espaçadas num tabuleiro untado e polvilhado. Deixa-se cair o tabuleiro sobre a mesa para espalhar a massa e levam-se os esquecidos a cozer em forno bem quente.


E pronto!! :)) Bom apetite!!! :)))

Wednesday 9 May 2007

Pormenores ocasionais II

(Data original: 12/Agosto/2004)

Encontram-se por estas terras cabeços de todas as formas e feitios. Este tem uma estranha forma, que se torna interessante por estar ladeada por duas árvores.

Pormenores ocasionais I...

(Data original: 12/Agosto/2004)

Pastando calmamente num pequeno prado, alheio ao que o rodeia, encontrámos este exemplar da fauna martianense, que nos presenteou com uma enorme indiferença... :))

Cantinhos: as fragas

(Data originial: 11/Agosto/2004)

No leito da ribeira do Taveiró, encontramos uma área de pedras de todos os tamanhos, desde pequenos cabeços, a enormes pedregulhos maiores que muitas casas! Todos aglomerados ao longo de poucos kms, como se gigantes tivessem por ali passado e as tivessem juntado todas no mesmo sitio!

As Fragas são uma zona muito rochosa, com rochas de granito típico daquela região da beira, que se amontoam no leito da ribeira do Taveiró. Diz quem já percorreu aqueles caminhos em tempos de pobreza e trabalho árduo, que ali se encontram grutas com mais de 40 metros de profundidade. Nunca tive a sorte de as encontrar, mas já estive numa gruta com uma profundidade de uns 10, 15 metros, e com direito a morcegos e tudo... :):)

É um sitio muito giro para fazer caminhadas com algum grau de dificuldade, dado o acidentado do terreno, e para espiritos mais radicais, também se arranjam uns cabeços bons para fazer um bocadinho de rappell. Já experimentei num cabeço com cerca de 10 a 15 metros de altura (mas conseguem-se encontrar alguns mais altos) e foi uma experiência muito gira!!! Talvez por ser a primeira vez, não sei... ;))

Contam-se ainda histórias que dizem terem-se passado na zona das Fragas, algumas sobre animais selvagens (leia-se, lobos, que eram frequentes na região em tempos idos), outras sobre crenças, superstições e há quem diga, episódios reais. A seu tempo, colocaremos aqui algumas...

Recomendo o sitio para passeios longos, sugerindo no entanto serem feitos acompanhados, preferencialmente por pessoas que conheçam a zona, e equipados com bom calçado, próprio para caminhadas, uma garrafita de água fresca, que o calor às vezes aperta, e roupa adequada, tendo em conta que o caminho pode tornar-se denso para os que se aventuram a sair da estrada.

Recomenda-se ainda o regresso antes do anoitecer, visto que é fácil uma pessoa se perder quando não conhece aqueles caminhos, e a rede de telemóveis naquela zona não é das melhores...

No entanto, com as devidas precauções, que não se exige serem muitas, mas as adequadas, desfruta-se um excelente passeio numa região com uma geografia muito curiosa e muitas histórias não menos curiosas.


Cantinhos: a caminho das fragas

(Data original: 11/Agosto/2004)

A caminho das Fragas, encontramos cantinhos muito bonitos, especialmente na Primavera.
Este é um deles... Uma pequena Quinta, situada no topo de uma elevação, cheia de árvores e cabeços, com um acesso em terra batida...

Devo avisar que tem sempre uns cães a ladrar lá ao fundo!!! Mas devem estar presos, porque nunca vieram ter connosco.... (Ainda bem!!! :))

Ao pé desta quinta há um pequeno açude, que é o nome dado por lá a pequenas lagoas formadas por águas das chuvas e que geralmente secam no verão. Pertinho existe também um carvalho ENORME, cuja copa deve ter uns 15 a 20 metros de diâmetro.

É um cantinho muito bonito, um dos meus favoritos. Excelente para parar um bocadinho e descansar a meio de um passeio...

Martianas - um pouco de História

(Data original: 11/Agosto/2004)

Umas das três aldeias abrangidas pela freguesia da Orca, as Martianas datam, julga-se, do séc. XIII.

Em cerca de 1245, surgiu a povoação das Zebras, e sensivelmente por essa altura ou antes, Alpedrinha, Catrão, Torre, Mata da Rainha (já atestada em 1214 com a designação de Mata de Porcis), Aldeia de Sta. Margarida, S. Miguel d'Acha, e claro, as Martianas.

A origem do nome Martianas está claramente ligada ao seu primeiro donatário e/ou povoador, Martinh'Annes, que pode ter sido um alcaide de Castelo Novo, e que vem citado num documento de 1290, transcrito no final do Tombo da Comenda de Castelo Novo, de 1505.

Em 1320, a Aldeia de Martim Anes já tinha igreja, com a invocação de Santa Maria e sob a jurisdição da Ordem de Cristo, como consta no citado Catálogo de 1320/21. Na segunda metade desse século, porém, já se encontrava com "mingua de moradores" (conforme refere documento de 1381), consequência talvez da peste negra de 1348 e das guerras fernandinas com Castela.

As Martianas pertenceram em tempos à Covilhã. Mais tarde, apesar de estarem integradas na freguesia da Orca para efeitos religiosos, passaram a pertencer ao termo e concelho de Penamacor, devido a uma deliberação de D. Fernando, dada em Trancoso a 27 de Outubro de 1478, com vista a dotar o pequeno concelho de Penamacor, tão flagelado com frequentes arremetidas castelhanas, de melhores possibilidades de defesa - "para que se milhor podesse povoar e defender dos imigos". (ANTT, Chancelaria de D. Fernando)

Thursday 3 May 2007

Edificios: A Escola das Martianas

(Data original: 11/Agosto/2004)

Desde a década de 40 do século passado que as crianças das Martianas puderam passar a assistir às aulas sem terem de se deslocar para outras terras.

A escola funcionou durante muitos anos, mas actualmente, por insuficiência de alunos, encontra-se desactivada, tendo sido cedida à Liga dos Amigos das Martianas, que a exploram como centro de recreio.

Têm actualmente um pequeno bar, uma esplanada nas traseiras, e na antiga sala de aula encontramos algumas mesas e cadeiras, onde nos podemos sentar a ler um dos livros que podemos encontrar nas antigas prateleiras utilizadas por alunos de outras décadas para colocar os seus haveres enquanto brincavam nos recreios.

Infelizmente, por ser explorada por pessoas da terra que têm outras actividades para além da exploração da escola, só podemos usufruir das suas instalações aos fins de semana.... Mas já é bom!
A Associação Recreativa e Cultural dos Amigos das Martianas (ARCAM) têm feito um excelente trabalho de recuperação do edifício, que incluiram pequenos restauros no telhado, arranjos do soalho, pintura interior e exterior do edifício, e decapagem das paredes interiores da antiga sala de aula, que permitiram deixar à vista do visitante a fantástica parede de pedra de granito que tão característica é daquela zona!

A Escola é como que um marco da aldeia, já que fica situada num pequeno planalto, e é dos primeiros edificios a ser visualizado quando se chega à aldeia, principlamente pelo acesso da Orca.

Recomendo ao visitante sentar-se nos degraus à entrada da Escola no final da tarde, quando o sol se põe e o céu se enche de cores unicas. Respire fundo, liberte a mente e encha o peito com aquele ar, enquanto olha para o horizonte recortado pelas laranjeiras de um lado, as oliveiras do outro, e a Serra da Gardunha lá ao fundo. E aproveite o momento....


Wednesday 2 May 2007

Onde ficam as Martianas??

(Data original: 10/Agosto/2004)

A aldeia das Martianas fica no coração da Beira Baixa, tal como o coração literal, um bocadinho à esquerda (à direita de quem vê..... :S)

Bem! Mas mais precisamente, as Martianas situam-se por assim dizer a meio caminho entre Castelo Branco e Fundão, a cerca de 40 kms a norte da primeira e a cerca de 23 kms do segundo.O acesso à aldeia é feito a partir do IP2, troço entre, precisamente, Castelo Branco e Fundão. Saindo do nó de acesso à povoação da Lardosa, aqui complica-se mais.... :)) É que daqui para a frente é só pequenas aldeias pelo caminho!... Mas é facil chegar. Basta seguir as placas que dizem Zebras e/ou Orca. Ao chegar então à Orca, deparamo-nos com um entroncamento, onde devemos virar à esquerda. Poucos metros à frente aparece-nos o que julgo ser a primeira placa a indicar Martianas... Para a direita! E pronto!! Basta percorrer esses 4 ou 5 kms, e eis-nos chegados!!

Então, é estacionar onde se quiser, que o espaço abunda, mas sempre com a devida segurança, claro! E percorrer a pé as ruelas de uma aldeia como tantas outras de Portugal, mas que por ter sangue meu por lá, mais bonita se torna!... :)))

Bons passeios!!

Friday 20 April 2007

Aldeia esquecida...

(Data original: 10/Agosto/2004)

Pois é... Decidi criar este blog por gostar tanto desta aldeia perdida da Beira Baixa, de onde descendem os meus paizitos, bem como os meus tiozitos, avózitos, bisavózitos, e por aí fora :))

Tem como propósito nobre este blog divulgar as belezas escondidas desta terra, descobertos apenas por alguns felizardos outsiders, mas conhecidos pela grande maioria dos insiders desta terra (leia-se, os seus cerca de 100 habitantes).... :):):)

Assim, BEM VINDOS ÀS MARTIANAS!!!!